sábado, 4 de dezembro de 2010

Pedaços de nós

Temos o passado , que deixou pedaços de nós
E não há novidade nesse espaço capaz de romper com os traços de solidão
Mas lembrá-los pode não ser o ápice da depressão
Pode ser uma nova cena, que podemos levar em consideração.

A idade e o tempo deitam-se na mesma água!
Nem percorrem o mesmo caminho e
quando se vê estão em travessas opostas... nos perdemos,
perecemos!

Vou considerar imaginárias as frustrações
Os comentários que minha mente me deixa - quando diz: volta atrás
Nos restos animais que não me deixam mais
Na hipótese da derrota de momento fugaz.

E, tudo parece perdido
Sem sentido,
Abstraído.
Mas a vida nada mais é que
Buscar sentido!

por: Ana Cristina Fernandes, em momento de reconstrução: dedicado ao Lutador, quem luta e pega a vida no laço

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pensar é transgredir... [para o deus da guerra]

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos, para não morrermos soterrados na poesia da banalidade, embora pareça que ainda estamos vivos. Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.

Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo. Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência : isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante : "Parar pra pensar, nem pensar !"

O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.

Sem ter programado, a gente pára pra pensar. Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar : reavaliar-se .

Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto. Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.

Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar. Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo. Se nos escondemos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos. Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.

Viver, como talvez morrer, é recriar-se : a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.

Parece fácil: "escrever a respeito das coisas é fácil", já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado. Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança. Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.

Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.

sábado, 27 de novembro de 2010

Atrapalhado (Imbranato - Tradução)

Atrapalhado
Tudo começou por um capricho teu,
Eu não ligava... era só sexo.
Mas o sexo é uma atitude,
Como a arte em geral,
E talvez eu tenha entendido e estou aqui.

Desculpe, sabe, se tento insistir,
Me torno insuportável, eu sei...
Mas te amo ... te amo... te amo ...
É engraçado... vá lá, é antiquado, mas te amo...

E desculpe se te amo e se nos conhecemos.
Uns dois meses ou pouco mais.
E desculpe se não falo baixo.
Mas se não grito, morro.
Não sei se sabe que te amo.
E desculpe se rio, me entrego ao embaraço.
Olho pra ti fixamente e tremo.
À ideia de te ter do meu lado.
E me sentir somente teu.
E estou aqui e falo emocionado.
E sou um atrapalhado!

Oi... como estás? Pergunta inútil!
Mas o amor me torna previsível.
Falo pouco, eu sei... e estranho, dirijo devagar,
Será o vento, será o tempo... será... fogo!

E desculpe se lhe amo e se nos conhecemos;
Uns dois meses ou pouco mais.
E desculpe se não falo baixo.
Mas se não grito, morro.
Não sei se sabe que te amo.
E desculpe se rio, me entrego ao embaraço.
Olho pra ti fixamente e tremo.
À ideia de te ter do meu lado.
E me sentir somente teu.
E estou aqui e falo emocionado.
E sou um atrapalhado!
E sou um atrapalhado!
Eu, sim.
Ah, mas te amo.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Menos

Tenho que diminuir o tempo que gasto com perdas, elas já se foram mesmo. Tenho que diminuir o tempo de trabalho, ficar em casa com os filhos, bater papo com os amigos, ser luz aos carentes – visão utópica, mas minha - eu criei. Tenho que diminuir a crença em determinadas pessoas, perceber a limitação do poder delas sobre mim, perceber que somos “mentira” até para nós mesmos: a valiosa lição do perdão. Tenho que diminuir minha responsabilidade pelos sofrimentos e por dores que não causei, e chorar menos. Nas tardes de domingo em que passo sozinha, preciso ver felicidade em qualquer coisa. Diminuir os termos da pesquisa, os capitulos do meu livro, as metáforas – quem sabe atinja mais pessoas. Diminuir a quantidade de pensamentos que rondam minha mente. Diminuir a minha mente.

Tenho que diminuir a quantidade de cremes, a quantidade de abdominais, a olhada ao espelho. Diminuir a quantidade de palavras que saem de mim contra mim. Tenho que diminuir os gramas de chocolate, a gordura localizada, a celulite, algumas medidas aqui e ali. Diminuir a visão de imperfeição...longe da psicose.
Mas não quero diminuir nada que me acrescente viver mais, sem ser mais feliz, ter mais capacidade de confronto, de conforto. Não diminuir a vida com seus riscos, porque ainda assim se eu tirar tudo, diminuir tudo e continuar infeliz que venham as palavras, as medidas a mais, o vocabulário extenso e as pessoas enganosas.

Diminuir só se for para mais!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Habilidade emocional

Lembrei-me da história de um menino que viu sua bola de gude dentro de um vaso de cristal e não conseguia tirá-la de lá. Como não sabia a diferença de valor entre o cristal e a bolinha, resolve quebrar o vaso por causa da bolinha.

E é assim o ser humano. Não vê o valor das coisas ou não tem a percepção do que precisa para ser feliz. Tem um horizonte para ser descortinado, mas as escolhas que faz ao longo da vida, o limita, o direciona, o restringe. Fica preso a coisas pequenas, a detalhes que não trazem felicidade e pouco significam na existência humana. Perdem a liberdade, o sonho, a amizade, um grande amor por ignorância, por falta de foco, de equilíbrio.

A habilidade consiste em manter a difícil tarefa viva de equilíbrio entre as obrigações da vida e os sonhos. A difícil tarefa de não se deixar contagiar pelas facilidades, nem pela opressão do pensamento negativo de algumas pessoas que não creem em nada e tentam impor que a melhor forma é mesmo viver sem responsabilidade.
A habilidade consiste em romper certezas e poderes absolutos. Sabe aquela sensação de liberdade de espírito? Onde ela ficou? A emoção trabalha com a liberação da pessoa humana. Ela é a busca do foco interior e exterior, de uma relação que não acaba no próprio ser mas no outro.

Há quem diga que felicidade não existe, há quem diga que felicidade é relativa...mas eu digo que quem não existe é o ser que parou de ver a humanidade e si mesmo como fruto de amor. Esse é cerne do mundo: AMOR.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Theus : Deus da Guerra

Dificil de definir a palavra poder, pois dela vem a supremacia: um alija o outro; um vence, outro perde. Das guerras vem a sobrevivência. Mas sobre ti, Theus, coloco uma definição positiva a respeito de poder.

Tu dás o que o outro permite. Pois na tua existência está aquilo que definitivamente o outro quer. E, nesse tormento de fronteiras entre o real e o imaginário: há o querer é poder. Portanto só existe poder onde existe vontade.
Assim o poder depende do livre arbítrio de um indivíduo. Uma MULHER tem poder, pois faz escolhas, o sol no céu, brilhante, gigantesco, não tem poder, pois não quer nem escolhe nada — apenas existe.

Poder é uma força tão pessoal, subjetiva e quase intuitiva... se cessão. Não sou capaz como mera expectadora de tuas forças pensar antes em tirar-te o mais supremo dom e força que tens sobre mim.

Não rara é a situação em que me vejo sem saber onde buscar, ou em quem buscar ajuda para as dores da guerra do dia, da vida. Diante de uma dor, da rejeição, de uma traição, de alguma enfermidade, ou diante do intenso sofrimento diante de alguma perda; enfim, muitas vezes e de diversos modos a impotência faz questão de me visitar e levantar morada definita.

Sinto-me traída pela vida, Theus - e deixo-te a tarefa de poder. Porque sinto-me impotente ao ver que não posso diante da desordem de traição, de poder sobre o mais fraco, de traição sobre quem ama. No confronto do poder, perde sempre quem mais ama. Então fica para ti, a tarefa divina de recuperar-me!

Ainda que recupere a força, ainda que me coloques no lugar que sempre estive, no alto de mim, não tirarei de ti o posto do alto. Só quero que vejas que o poder que tens sobre mim, é algo que pode me resgatar.

Ana Cristina Fernandes

Sexo ou libertinagem?

Uma pesquisa publicada este mês na revista Proceedings of the Royal Society com o título "Digit ratios predict polygyny in early apes, Ardipithecus, Neanderthals and early modern humans but not in Australopithecus" (autores: Emma Nelson, Campbell Rolian, Lisa Cashmore, Susanne Shultz) sugere que os neandertais eram mais promiscuos que os humanos modernos. Eles compararam mãos fossilizadas dos primatas antepassados com o esqueleto humano e concluíram que os dedos dos ancestrais sofreram influência de uma carga hormonal superior a dos humanos modernos, fato que indica tendência para agressividade e promiscuidade. Em suma, o padrão de tamanho dos dedos dos neandertais foi maior que o dos humanos atuais.

[...]

De fato como vivem as pessoas com relação a sexo? Podemos medir a relação dos seres no tempo se levarmos esse ponto de vista?

Quanto vale?

Quero saber de você.... quanto vale uma vida sem perdão?

Tenho visto pessoas morrerem de males variados porque vivem uma vida ou de transgressão, libertinagem ou de rancor acumulado.

Qual o preço de ser real? Não é valido, será[?], ter uma vida de entrega e de ressurreição doa próprios desejos, valores e amor?

Salve a vida de poetas mal amados, de físicos não comprovados, de músicos idolatrados,...salve a verdade de cada um. Por que onde se assegura que verdade é só a nossa?

Eu só quero a glória de ver crescer em mim a auto-verdade e ver em ti : tua verdade em mim.

Anna
Ah, meu amor,
não tenhas medo da carência:

Ela é o nosso destino maior.
O amor é tão mais fatal
do que eu havia pensado,

O amor é tão inerente quanto a
própria carência,

E nós somos garantidos por uma necessidade
que se renovará continuamente.
O amor já está, está sempre.

Falta apenas o golpe da graça -
que se chama paixão.

Clarice Lispector

sexta-feira, 30 de julho de 2010

METADE

O homem mais culto que conheci na vida tinha metade do ensino fundamental.

Mas falava todas as verdades da vida que uma mulher/criança deve saber. Com as palavras mais acertadas, com a concordância perfeita, com a regência não só de sua vida mas da minha e de nossa família.

Esse homem foi meu pai.

Nós fomos aprendizes que lemos, que pensamos e agimos sob a face do grande amor que ele depositava em nós.

Aprendemos a ser, a viver e mais profundo que isso a conviver com pessoas e com problemas. Soubemos que a mesquinhez da alma nunca nos aprouve.

Que a mentira não nos agradava.

Que a omissão não resolvia, mas esscondia a verdadeira face de que não tinha ninguém.
E, eu, nunca fui sozinha. Nunca.

Aprendi isso pelo exemplo do homem para que o homem me elevasse e eu visse Deus.
Foi um simples homem quase analfabeto, que me levou ao Maior.

Onde eu pude ter a maior lição de minha vida que foi:
“Quem é grande tem ciência de sua pequenez, pois sabe que nada sabe o que tem que aprender; e que o pequeno tem que subir no grande para subir, porque não tem forças sozinho pois não conseguiu a grandeza dos pequenos.”
Sei ser pequena, porque acima de mim, há muitos, mas a alma, essa pertence à grandeza que recebi também desse simples homem:

Alcides.

Herança de mim

Toda a publicação que postarei serão herança da construção de mim e de meus saberes. Destinados absurdamente `as pessoas que amo e às que poderei acrescentar algo não esclusivamente de mim, mas acerca de todas as inferências que fiz a respeito do encontro do meu “eu” com ele mesmo e com a dos outros.

Espero não ficar presa à esfera nenhuma que limite o espaço que uma alma pode percorrer.

O campo de atuação, sensação e permanência definem, para mim, fatos como aceitação, projeção e limitação. A deficiência ou dificuldade dá-se ao desencontro com essas verdades.